HISTÓRIA DA ARQUITECTURA PORTUGUESA

REGÊNCIA

ALEXANDRE ALVES COSTA

O percurso da História da Arquitetura Portuguesa assenta, em síntese, sobre uma sequência de seis temas-chave que se interligam e serão tratados no âmbito de uma dupla via de pensamento. Partindo do século XVIII, esse percurso acompanha as modalidades de arquitetura, examinando as referências da história da arquitetura que foram consideradas de interesse para a conformação da relação entre o passado e os correspondentes presentes em cada momento. Contudo, também dá outro passo em frente e examina diretamente os sucessivos momentos cruciais identificados, com a visão crítica do conhecimento contemporâneo.

Deste modo, constituem importantes elementos da narrativa as relações com o passado e as obras arquitetónicas específicas que foram analisadas e os temas que foram objeto de interesse, a acrescida capacidade de ver novas coisas e o contexto em que foram novamente interpretadas. Foram igualmente significativas as mudanças de ótica que abriram espaço à imaginação e à reflexão sobre a arte de construir. Em linhas gerais, estes elementos articulam o significado entre o passado e o presente de uma dupla perspetiva: enquanto entendimento teórico das realizações tradicionais e enquanto prática – a forma como o pensar da tradição pode alicerçar o sentido da intervenção e fazer parte do ofício de criar novas ideias arquitetónicas.

 

1 Programa

[1]  Séculos XVIII a XIX; o fim do Ancien Régime. Ambivalência no Século das Luzes. O Barroco e o Rococó. A clareza, racionalidade e pragmatismo da arquitetura e do urbanismo na reconstrução de Lisboa na sequência do terramoto de 1755.

[2]  Romantismos portugueses no século XIX. Entre a turbulência política europeia e nacional e os movimentos sociais, o culto dos monumentos e a memória de momentos históricos fundamentais, entendidos como partilhando uma dinâmica semelhante em termos de valores e resultados prospetivos: séculos XIV a XVI, transformações no limiar na Idade Moderna. Cultura românica laica; municipalismo; o desenvolvimento da res publica nas cidades medievais. A gesta portuguesa dos Descobrimentos e das conquistas. Modalidades góticas no Mosteiro da Batalha. Arquitetura manuelina.

[3]  No contexto dos nacionalismos do século XIX, viagens pitorescas e científicas em busca de uma identidade. Os berços da nacionalidade na Península Ibérica. Fundação clássica hispânica e romana e raízes da Baixa Idade Média formadas com referências nas culturas mediterrânicas, bizantina e islâmica, e influxos norte-europeus. Formas arquitetónicas importantes da Antiguidade reinventada. O passado e o presente contextualizados: arquiteturas visigótica, asturiana, “romano-bizantina” e moçárabe.

[4]  Na segunda metade do século XIX, a visão cosmopolita centrou-se no Renascimento. Os ofícios da arquitetura e da arte na busca de um primeiro laivo de modernismo. Estudo das tradições e raízes vernáculas da “construção portuguesa”; a “Casa Portuguesa”.

[5]  O século XX abre caminho a sistemáticas visões renovadas sobre a história da arquitetura e da cultura do território. A formação de Portugal; a sua expressão artística mais clara na arquitetura românica.

[6]  Em meados do século, o repensar da modernidade e da tradição. Estudo da arquitetura popular e corrente. Interpretação de elementos de permanência; invariantes; tipos e séries. A forma do tempo; a arte do quotidiano. A arquitetura chã portuguesa.

 

2 Avaliação

A avaliação será individual com base num curto ensaio escrito sobre o tópico de um edifício importante considerado numa das seis aulas.

 

3 Bibliografia

ARQUITECTURA Popular em Portugal. 1ª ed. Lisboa : Associação Arquitectos Portugueses, 1961

LA ESPAÑA Romanica. Ed. Encuentro. (Colecção composta por 10 v.): V.: [Castilla 1 e 2; Cataluña 1 e 2; Leon y Asturias; Galicia; Navarra; Aragon;] El Prerromanico, Jacques Fontaine; El Mozarabe, Jacques Fontaine.

HISTÓRIA da Arte em Portugal. Lisboa : Editorial Presença, 2001.

HISTÓRIA da Arte em Portugal, 14 v. Lisboa : Alfa, 1986.

HISTÓRIA da arte portuguesa, dir. Paulo Pereira, 3 v. Lisboa : Temas e Debates, 1995. (Temas de História).

HISTÓRIA de Portugal, dir. José Mattoso. Lisboa : Editorial Estampa, 1993.

INVENTÁRIO do Património Arquitectónico. Disponível em url:  HYPERLINK "http://www.monumentos.pt" www.monumentos.pt.

KUBLER George. A arquitectura portuguesa chä : entre as especiarias e os diamantes : 1521-1706. 2ª ed. Lisboa : Vega, 2005.=KUBLER, George. Portuguese plain architecture between spices and diamonds : 1521-1706. Middletown : Wesleyan University Press, [Cop. 1972].

MATTOSO, J; S. Daveau ; D. Belo. Portugal. O sabor da terra. Lisboa : Círculo de Leitores, 1997.

MONUMENTOS, revista. Lisboa : Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais / Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, n. 1-33 (-2013).

OCEANOS. Lisboa : Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1989-.

PORTAS, N. “A evolução da arquitectura moderna em Portugal: uma interpretação” . (1978), in Bruno ZEVI. História da Arquitectura Moderna, 2 v. Lisboa : Arcádia, 1970-1973, v. 2: 687-746.

DOCENTES

MARTA OLIVEIRA