DESENHO

REGÊNCIA

JOSÉ MARIA LOPES

Nota preliminar

A intensa procura pelo Desenho no seio da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto surge como uma das linhas que sublinham a sua importância a níveis nacional e internacional. A firmeza do Desenho nos seus quereres, nas suas convicções pedagógicas e científicas, têm-lhe permitido a edificação de um grau de diferenciação entre as disciplinas suas congéneres.

 

FICHA DE UNIDADE CURRICULAR

 

1. Objectivos

A Unidade Curricular Desenho tem com um dos seus principais objectivos promover a representação e o conhecimento do mundo visível e das imagens mentais eminentemente ligadas ao mundo da Arquitectura e dos processos de Projecto. Pretende-se prover o aluno de capacidades de representação do real e do imaginário através do registo gráfico manual. Especificamente, pretende-se garantir ao aluno ferramentas que lhe permitam desenvolver capacidades de observação, de análise, de representação, de memorização, de imaginação, de expressão, de organização e de desenvolvimento projectual.

Fomenta-se a intencionalidade conceptual, programática e poética do estudante, assim como a capacidade em compor imagens e pensar por imagens.

Pretende-se, ainda, promover a necessidade e o prazer da representação, assim como o reconhecimento de que o desenho é a expressão gráfica de um propósito que deve procurar a sua matriz na realidade exterior e na herança do Desenho e da Arquitectura.

Promove-se o entendimento do Desenho como um instrumento essencial do pensamento Projectual.

 

2. Programa

O programa de Desenho organiza-se em torno de dois temas gerais: O Desenho do Real e o Desenho do Imaginário.

Promove-se a progressão e o aprofundamento técnico conceptual e metodológico.

 

2. 1. O Desenho do Real

A primeira fase de trabalho desenvolve-se, essencialmente, a partir de questões elementares do Desenho de observação e do entendimento e registo gráfico dos motivos e temas do real, com particular incidência no património da Arquitectura. Privilegia-se o contacto com problemas de articulações espaciais, de quantificações métricas da paisagem urbana ou, ainda, as relações de carácter sensível como os valores de luz e sombra ou a cor.

Pretende-se, ainda, que os alunos desenvolvam as competências necessárias para perceber, conceber e executar imagens.

Neste sentido, os desenhos da primeira fase de trabalho constituem-se como o reflexo tangível da procura de uma percepção mensurável da realidade à qual se alia uma dominante sensível que procura, nos valores de luz e sombra, a empatia e a emoção dos espaços.

 

2. 2. O Desenho do imaginário.

Solicita-se o desenvolvimento da capacidade de construir processos de desenho que respondam à solicitação de imagens não directamente decorrentes da experiência perceptiva do mundo real. Pretende-se promover a exploração de processos e atitudes, instrumentais e mentais, sobre a conceptualidade das imagens típicas do projecto privilegiando-se o uso da perspectiva.

Pretende-se, outrossim, comparar e estudar a produção dos fenómenos de repetição e de cópia de imagens oriundas do universo do desenho de Arquitectura. Solicita-se o estudo e entendimento de registos gráficos de plásticos oriundos do património da Arquitectura.

 

2. 3. Sessões Teóricas

- Apresentação da Unidade Curricular e do regime do trabalho

- O Desenho Estrutural. O Desenho Construtivo.

- O Claro-escuro: a representação dos fenómenos da luz e da sombra.

- Os Elementos Plásticos do Desenho.

- A Representação Perspéctica.

- A perspectiva e a cultura visual do espaço.

- A imagem perspéctica e a imaginação espacial.

- O Desenho de Projecto.

- O Desenho dos Desenhos.

- A Expressão Gráfica.

3. Bibliografia primária

AA. VV. - Desenho Projecto de Desenho. Instituto de Arte Contemporânea. ISBN: 972-8560-249.

AA. VV. -  PSIAX - Estudo e Reflexões sobre Desenho e Imagem. Porto: Edição conjunta FAUP, FBAUP e EAUM. Séries 1 e 2. Todos os volumes.

ACKERMAN, James S.- Architettura e disegno. La rappresentazione da Vitruvio a Gehry. Milano: Mondadori Electa, 2003. ISBN 88-370-2058-9.

BENJAMIM, Walter - “Pintura e Desenho: Sobre a Pintura ou Sinal e Mancha” [1977] in MOLDER, Maria Filomena – Matérias Sensíveis. Lisboa: Relógio d’Água, 1999, pp. 13-17.

BRUSATIN, Manlio - "Desenho/Projecto", Enciclopédia Einaudi, vol.25. Lisboa: INCM,1993.

CARNEIRO, Alberto - Campo, Sujeito e Representação no Ensino e na Prática do Desenho/Projecto. Porto: FAUP Publicações, 1995.

CHAET, Bernard - The art of Drawing. Cengage Learning Ed., 3.ª Ed., 1983 [1970].

CORTE-REAL, Eduardo - O Triunfo da Virtude. As Origens do Desenho Arquitectónico. Lisboa: Livros Horizonte, 2001. ISBN 972-24-1140-3.

DAMISCH, Hubert - Traité du Trait. Paris: Diffusion Seuil, 1995.

De RUBERTIS, Roberto - Il Disegno dell'Architettura. Roma: La Nuova Italia Scientifica 1994 . ISBN 88-430-0272-4.

EDWARDS, Betty - The New Drawing on the Right Side of the Brain. New York: Pinguin Putnam Inc., 1999. ISBN: 0874774241.

GOLDSTEIN, Nathan - Figure Drawing. New Jersey: Prentice Hall, 1999 [1976], 5.ª Ed.

HALE, Robert Beverly: Drawing lessons from the great masters. New York: Watson-Guptill Publications, 1989.

HOLANDA, Francisco De: Do Tirar Polo Natural. Lisboa: Livros Horizonte, 1984 [1549].

HOLANDA, Francisco De: Da Ciência do Desenho. Lisboa: Livros Horizonte, 1984 [1571].

LOPES, José Maria da Silva: O Desenho do Corpo em Portugal no Século XVIII - Os Actos do Desenho / O Desenho dos Actos, Tese de Doutoramento apresentada na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. 2009, Ed. Policopiada.

MASSIRONI, Manfredo - Ver pelo Desenho: Aspectos técnicos, cognitivos, comunicativos. Lisboa: Edições 70, 1982.

MOLINA, Juan José Gomez [Coord.] - Máquinas y Herramientas de Dibujo. Madrid: Cátedra, 2002.

MOLINA, Juan; CABEZAS, Lino; COPÓN, Miguel - Los Nombres del Dibujo. Madrid: Cátedra, 2005.

NICOLAIDES Kimon - The Natural Way to Draw. Boston: Houghton Mifflin, 1969.

QUICCI, Fabio - Tracciati d’Invenzioni. Euristica e disegno di architettura. Torino: Utet, 2004. ISBN 88-7750-876-0.

RECHT, Roland - Le Dessin d’Architecture. Origine et Fonction. Paris: Adam Biro, 1995 ISBN 2-8766-0156-7.

ROBBINS, Edward - Why Architects Draw. Cambridge, Massachussets: M.I.T. Press, 1994; 2ª ed.1997 ISBN 0-262-68098-X.

RODRIGUES: Ana Leonor Madeira: O Desenho. Ordem do Pensamento Arquitectónico. Lisboa: Editorial Estampa, 2000.

SAINZ, Jorge - El Dibujo de Arquitectura. Teoría e História de un Lenguage Gráfico. Madrid: Editorial Nerea, 1990. ISBN 84-86763-32-0.

SALAVISA, Eduardo - Diários de viagem. Lisboa: Edições Quimera, 2008. ISBN: 9789725891889.

SHITAO: A Pincelada Única. Guimarães: Edições Pedra Formosa, 2001 [c. 1720], [Trad.: Adelino Ínsua].

SILVA, Vítor: Ética e Política do Desenho. Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2004.

SILVA, Vítor, ed. et. al. - Sebenta. Desenho 2. Porto, FAUP: Ed. policopiada, 2013-2014. Vol. 1 e Vol. 2.

TOLNEY, Charles: History & Technique of Old Masters Drawings. New York: Hacker Art Books, 1983.

VIEIRA, Joaquim: O Desenho e o Projecto são o Mesmo?. Porto: Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 1995.

VIEIRA, Joaquim: “O que eu digo dos desenhos” in AA. VV. – Desenho/Projecto. Porto: Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 1995, pp. 82-87.

DOCENTES

ARMANDO FERRAZ

4. Métodos de ensino e atividades de aprendizagem

O programa será desenvolvido segundo a tipologia de aula teórico-prática.

As sessões teóricas destinam-se a apresentar as matérias, os temas, os exemplos e os fundamentos teóricos dos exercícios práticos a desenvolver em cada fase de trabalho e estudo.

Serão fornecidas fichas de trabalho definidoras do enquadramento teórico e prático de cada fase, bem como do regime dos exercícios e dos parâmetros de avaliação e crítica.

Os exercícios constituem o referente didáctico, por excelência, a partir do qual se promove a reflexão crítica sobre o próprio trabalho e o dos outros.

Privilegia-se o contacto entre o docente e o aluno, sujeitos comprometidos na interacção de saberes e de expectativas, de questões e de respostas.

Os pontos de situação e as sessões de avaliação constituem momentos fundamentais de todo o processo.

 

5. Tipo de Avaliação

Avaliação distribuída sem exame final

 

Componentes de Avaliação

Designação                      Peso (%)

Participação presencial    100,00

Total:                                 100,00

 

Componentes de Ocupação

Designação                    Tempo (Horas)

Frequência das aulas     48

Total:                               48

 

6. Obtenção de Frequência

A avaliação é contínua. Processa-se através da correcção de cada trabalho, da crítica comparada e de pontos de situação tomando em consideração, explicitamente, os factores de avaliação expressos nas fichas de trabalho. No final do ano o aluno deve sujeitar a apreciação e discussão todo o trabalho desenvolvido durante as actividades lectivas. A atribuição da classificação é individual contemplando valores entre 0 a 20.

A não apresentação do trabalho implica a não conclusão da Unidade Curricular. A presença nas sessões de avaliação é obrigatória e indispensável. Não há recurso a exame. Para a obtenção da frequência é necessário garantir a assiduidade a, pelo menos, 75% das aulas previstas.

 

7. Fórmula de Cálculo da Classificação Final

A classificação a atribuir será o resultado dos desenvolvimentos comparados das respostas dos estudantes, tendo como referência os parâmetros definidos nas fichas de trabalho.

O cálculo da classificação pressupõe a progressão dos níveis de exigência dos exercícios, bem como a perspectiva temporal e a síntese das aprendizagens.

Um momento de avaliação no final da primeira fase de trabalho terá efeitos meramente indicativos.


Descrição: 1 Semestre

Tipo: Aulas Teórico Práticas. Tempo (horas): total 48h de contacto.


Palavras-chave

Desenho; Representação; Percepção; Reconhecimento; Espaço; Perspectiva; Projecto; Arquitectura; Imagem; Expressão; Composição; Consideração.